Jornal Diário da Manhã , quinta-feira 29 de setembro de 1983
Contra e especulação – Reunião especial, anteontem, no Palácio do Planalto, para discutir a disparada dos preços dos alimentos. Se o governo quiser, pode obter baixa imediata nesses preços. Basta verificar o volume de crédito concedido a grandes grupos empresariais, para a comercialização de gêneros, e que foi usado para a formação de estoques especulativos e manipulação de preços. Nos casos evidentes de distorções (por exemplo: grande aumento nos empréstimos, em relação ao ano passado), o crédito seria reduzido, parcialmente “cortado”. Os grupos especuladores teriam que “fazer dinheiro” para quitar débitos e para isso “desovariam” estoques.
Melhor em 84 – Confirma-se as análise de que as multinacionais tenderão a investir mais em 84 (o que ajudará o Brasil a minorar sua escassez de dólares). O Departamento de Comércio do EUA divulgou os resultados de pesquisa mostrando avanço substancial nesses gastos, no próximo ano. Detalhe: o setor de mineração é o que planeja maior expansão nos investimentos externos, com gastos de U$ 700 milhões, contra U$ 500 milhões de 1983. Um avanço de 40%.
Melhor já – O FMI, apesar de todo o seu pessimismo, confirmou que a economia mundial está em recuperação: nos 29 países industrializados que pertencem a OCDE – Organização para o Coordenação do Desenvolvimento Econômico, a taxa de expansão no PNB – Produto Nacional Bruto é de 3% a 3,5 % ao ano, neste momento. O comércio mundial continuará a crescer. As exportações brasileiras também.
Em baixa – Outro dado favorável: as taxas de juros nos EUA (que influenciam as taxas de juros nos empréstimos internacionais contraídos pelo Brasil e outros países endividados) dão sinais de que podem entrar em queda. Uma nova contribuição para que isso aconteça: o déficit do Tesouro dos EUA deve situar-se em U$ 10 bilhões abaixo da previsão, graças no aumento da arrecadação e queda nos gastos com o auxílio-desemprego. Ambos, resultantes da recuperação da economia norte-americana.
Para estocar – De uma hora para outra, sairá o novo preço do açúcar, com aumento calculado entre 40% a 60%. Vale a pena estocar para o consumo de dois a três meses.